quarta-feira, novembro 08, 2006

Obra ou Rascunho

Meu Livro de Arte

Em Crítica Genética da professora Cecilia Almeida Salles, encontramos no texto uma análise interessante entre a relaçcão de uma obra e o rascunho desta. "No conto de Borges o Jardim dos Caminhos que se bifurcam, o personagem Ts'ui Pen diz certa vez: ´Retiro-me para escrever um livro´. Em outro momento, ele avisa: ´Retiro-me para construir um labirinto´. Todos procuram por duas obras, mas ao longo da busca, perceberam estar equivocados quando, diante do livro e seus ´rascunhos´ são um único objeto. Caminhos e descaminhos, que os ´rascunhos´ deixam transparecer, convivem de forma simutânea e harmônica conduzindo o escritor em direção à sua obra. Assim, um personagem pode morrer, ou matar, ou viajar, ou desaparecer, ou...no jardim dos caminhos que convergem em direção à obra publicada.
Para Citarmos um exemplo desta transapência do manuscrito, Ignacio de Loyola de Brandão viveu, ao longo da escritura de Não Verás País Nenhum, uma luta entre pólos antagônicos: sua visão, de certo modo, esperançoso querendo a preservação do homem em seu mundo futuro ficcional e uma perspectiva apocalíptica que a realidade ou o mundo ´lá fora´lhe forçava a adotar. Isto se refletiu em anotações sobre esse antagonismo que minava o escritor e se refletiu, também, em sua busca por meios literários que chegassem à sintese apaziguadora desses dois opostos. A opção se faz em direção à dúvida: ´o vento pressagiando a chuva´ e o ´broto surgindo do chão gretado´ são depois de muito pensar, encaixados, sob uma forma pouco definida, deixando a dúvida e levando o leitor a encontrar a continuidade por ele desejada. "

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